segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Brasília, o exemplo a ser seguido por motoristas e pedestres

FOTO: Ivaldo Cavalcante  
Na capital federal, motoristas respeitam o “sinal de vida” para o pedestre fazer a travessia


Sinônimo de modernidade, a capital federal – fundada há 51 anos pelo mineiro Juscelino Kubitschek (1902-1976) – é o exemplo a ser seguido por Belo Horizonte na busca pela convivência pacífica entre motoristas e pedestres. O respeito a quem anda a pé pelas ruas de Brasília deveria servir de modelo à metrópole de Minas para banir o atropelo às leis de trânsito.

No Distrito Federal, quatro em cada cinco motoristas respeitam a faixa de segurança, conforme um levantamento realizado pelo Departamento de Trânsito (Detran-DF) em 2010. Já em BH, nem é preciso pesquisa. A todo momento e em qualquer endereço, condutores ignoram a lei e oferecem risco aos caminhantes. Os abusos têm sido mostrados ao longo da semana pelo Hoje em Dia, na série “Eu respeito a faixa de pedestre”. 

Via de regra, conforme determina o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o caminhante tem prioridade absoluta sobre todos os veículos. A legislação prevê punições para o motorista que não dá preferência, mas a falta de campanhas educativas e, principalmente, a limitada fiscalização favorecem os abusos. Quem descumpre a norma comete infrações que variam de leve à grave (perda de 3 a 5 pontos na carteira), com multas de R$ 53,20 a R$ 127,69.


Em Brasília, a pesquisa encomendada pelo Detran-DF mostrou que, em 84,7% dos casos analisados, o primeiro ou o segundo veículo para diante da faixa assim que o pedestre dá o chamado “sinal de vida” – estica o braço, indicando a intenção de atravessar a via usando a área demarcada no asfalto. 

No levantamento, foram enquadrados como desrespeito à faixa os casos em que os caminhantes precisaram esperar mais de dois veículos passarem para conseguir cruzar a via. Em alguns locais, os pedestres não chegaram a esperar nem três segundos até a parada do terceiro veículo. Mesmo assim, os casos foram considerados desrespeitos à faixa.

Entre as demais regiões administrativas, Sobradinho (82%) e Gama (81,5%) foram as que registraram melhores índices no levantamento. Já em Ceilândia, maior cidade – e uma das mais pobres – do Distrito Federal, em apenas 69,9% dos casos os condutores respeitaram o pedido de travessia. Em Brasília, Sobradinho e Gama, os pedestres precisaram esperar, no máximo, pela passagem de três veículos até que tivessem condições de atravessar. Já em Ceilândia, o número chegou a 11.


Apesar do alto índice de conscientização dos motoristas, o número de mortes nas faixas não diminuiu desde a implantação da campanha, em abril de 1997. As mortes saltaram de duas, em 1997, para sete, no ano passado. A explicação para o fenômeno é simples: além do próprio aumento do número de faixas de pedestres, que saltaram de 600 para cerca de 5 mil, a frota de veículos no Distrito Federal triplicou, saindo de 465 mil para 1,2 milhão. 

SP na mesma direção
Famosa em todo o país pelo seu famigerado trânsito, a cidade de São Paulo (SP) também decretou “guerra” ao motorista que desrespeita o pedestre. Há dois meses, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que gerencia o trânsito local, começou a multar condutores que ignoram a preferência de quem está a pé.

A fiscalização em pontos de travessia dos principais cruzamentos foi reforçada. O cerco ao infrator na capital paulista faz parte do Programa de Proteção ao Pedestre, iniciado em maio com ações educativas. A iniciativa busca reduzir o número de atropelamentos e mortes de pedestres na cidade até 2012. 

Outra metrópole brasileira que também é exemplo a ser seguido em Belo Horizonte é Florianópolis. Na capital de Santa Catarina, é comum o condutor parar antes da faixa para permitir a travessia segura dos caminhantes. O respeito é mútuo. Pedestres também fazem questão de atravessar na faixa, sem tumultuar o trânsito. Segundo o secretário de Transportes de Florianópolis – que também é vice-prefeito –, João Batista Nunes, o respeito ao pedestre tem sido prioridade na cidade nos últimos anos. É o caso do Mercado Público Municipal. O entorno do centro de compras passou por intervenções viárias para proibir o tráfego de carros e dar preferência para as mais de 250 mil pessoas que passam diariamente pelo local. “Não se pode pensar em mobilidade urbana sem pensar nos pedestres e em transporte público eficiente”, afirma João Batista.

Recentemente, a BHTrans, que gerencia o trânsito na capital mineira, informou que pretende fazer um projeto de valorização da faixa de pedestre. Porém, a proposta segue engavetada. O gerente de Educação para o Trânsito da empresa, César Teixeira Lopes, disse que iniciativas positivas, como a de Brasília, estão sendo levadas em conta.


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