Agilidade e baixo custo para se locomover. Este é o desejo dos catarinenses quando o assunto é mobilidade urbana, segundo pesquisa do Grupo RBS, em parceria com o Instituto Mapa. Os dados foram apresentados no 1º Fórum de Indicadores de Mobilidade Urbana em Santa Catarina, que ocorreu na tarde desta terça-feira, na Assembleia Legislativa, em Florianópolis. O evento, organizado por meio dos jornais Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina, reuniu autoridades e especialistas no assunto, que durante três horas discutiram os problemas enfrentados pelos catarinenses no trânsito e quais seriam as soluções mais viáveis para a mobilidade urbana.
O debate teve como base os resultados da pesquisa IMU - Indicadores de Mobilidade Urbana, que ouviu 4.060 entrevistados nas 10 cidades mais populosas do Estado: Joinville, Florianópolis, Blumenau, São José, Criciúma, Itajaí, Chapecó, Lages, Jaraguá do Sul e Palhoça. Um dos principais dados é o Índice de Mobilidade Urbana, que ficou em 4,8 no Estado, em uma escala de zero a 10.
A melhor cidade colocada foi Lages com 5,7 e a pior Palhoça 3,8. Florianópolis ficou com a penúltima colocação 4,3. Mas o que surpreendeu os participantes foi a porcentagem de veículos por domicílio no Estado: 64% dos catarinenses têm um carro na garagem e 16% tem mais de um. A pesquisa releva o porquê destes números e o que faria as pessoas a trocar o modo como se locomovem.
— O carro é utilizado por ser o meio mais rápido, no entanto, 82% dos entrevistados revelam que deixariam o veículo em casa e passariam a usar o ônibus se ele fosse rápido, barato e confortável — explica o diretor presidente do Instituto Mapa, José Nazareno Vieira.
Quanto ao uso da bicicleta, 70% dos entrevistados também afirmaram que a utilizariam como meio de transporte se houvessem mais ciclovias nas cidades. Outro dado que chamou a atenção dos especialistas foi o tempo de deslocamento e a distância que as pessoas percorrem da casa para o trabalho.
Metade dos entrevistados afirmaram morar perto do local de trabalho, em um raio de até 30km, e que demoram de 30 minutos a uma hora para chegar ao destino pretendido.
— Os dados provam que o problema não é difícil de solucionar, basta vontade política para tanto —, afirma o especialista em planejamento urbano Elson Manoel Pereira.
Diante dos resultados, especialistas e autoridades concordaram: a solução para a mobilidade urbana no Estado está no transporte multimodal, ou seja, aquele que agrega bom sistema viário, transporte coletivo rápido e barato e construção de ciclovias.
Alternativas
Para o professor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo, Ricardo Abramovay, que levantou um debate a respeito da excessiva utilização do carro como meio de transporte , ainda há tempo para reverter os problemas enfrentados pelos catarinenses no trânsito com soluções simples.
— Seja elétrica ou não a bicicleta é a solução perfeita para pequenos deslocamentos, como a que os catarinenses afirmaram percorrer no trajeto casa/trabalho, afirma.
No fórum, Ricardo apontou o carro como vilão da mobilidade urbana por dois fatores. O primeiro leva em conta a emissão de gases poluentes no meio ambiente, que segundo ele, chega a 80% dos veículos, e o tamanho dos automóveis.
— São cada vez maiores e transportam, na maioria dos casos, apenas uma pessoa, diz.
Como solução para a mobilidade, Ricardo sugere cidades mais sustentáveis com obras e sistema viário que passe a priorizar as pessoas e não o carro. - É necessário combater a cultura de que o veículo é sinônimo de status social e qualidade de vida, o que não é, conclui.
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