Amanda Menger Entre os encantos do Natal em Canela e Gramado, na Serra Gaúcha, e o refresco da água do mar em Itapema e os fogos da virada do ano no Litoral catarinense, tem o inferno. E ele fica na BR-101. Com temperaturas próximas dos 40°C nos termômetros e sensação térmica ainda maior, enfrentar as filas na rodovia foi um verdadeiro suplício para milhares de pessoas, entre eles os cinco integrantes da família Weber. Os mineiros de Uberlândia resolveram passar o fim de ano no Sul e aproveitar as maravilhas que os dois Estados possuem em belezas naturais, mas entre uma e outra visita tiveram de aguentar horas e horas na BR-101. O grupo saiu cedinho de Gramado, desceu a Serra pela Rota do Sol e pegou a BR-101 para atravessar de um Estado para o outro. A viagem ia bem até Sombrio, onde já pegaram congestionamento e ficaram mais de uma hora para fazer um trecho que leva pouco mais de 15 minutos, até Araranguá...
A viagem ganhou ritmo até chegar a Capivari de Baixo. Aí voltaram a engrossar a fila que se iniciou perto do trevo de acesso a Laguna e, por volta das 14h30, se estendia a mais de 15km até o acesso à comunidade de Bandeirantes, em Capivari. Uma hora mais tarde, a fila já passava do viaduto de acesso a Capivari e a tendência era só piorar. Por volta das 19h, a fila chegava a 20 quilômetros. Para enfrentar o calor e o tempo de espera na fila, foi preciso criatividade. “A água já acabou há alguns quilômetros. Vamos ver se conseguimos comprar na estrada mesmo. Enquanto isso, a gente liga o rádio, canta, conta piada, quem pode dorme um pouco e vamos revezando no volante. Não dá para ter pressa”, observa o chefe da família, Pedrinho Weber.
Engarrafamento pode ser lucrativo
Enquanto muitos esperam nas filas, outros lucram com os congestionamentos. Para aguentar as altas temperaturas, só mesmo água, suco e refrigerantes gelados. Para comprá-los, nem foi preciso parar em algum posto de combustível. Bastava chamar os ambulantes que ficavam próximo à rodovia no trecho entre Capivari de Baixo e Laguna. Três refrigerantes geladinhos foram o pedido do caminhoneiro Reginaldo Felibino, de Criciúma. Ele saiu antes das 13h com um carregamento de frango em direção a Itajaí. A viagem que leva, em média, 4 horas se transformou em um emaranhado de filas de mais de 6h de duração. “Está difícil ficar na fila. Está muito quente. Ainda bem que tem alguns ambulantes porque não tem como sair da estrada para comprar alguma coisa e atrasar ainda mais a viagem”, observa Reginaldo. O refrigerante foi comprado de Marilésia Nunes. Há três anos ela vende bebidas à beira da rodovia em dias de congestionamento. “A gente ganha com isso, sim, mas é um serviço que a gente presta para a população. Tem muitas famílias, tem crianças, idosos que não têm o que tomar enquanto esperam na fila”, afirma. Quem também lucra com as filas são os guinchos e mecânicos. Com o tempo de espera se prolonga, é comum os veículos apresentarem problemas, e aí é preciso pedir socorro. Foi o que fez a família Oliveira, de Caxias do Sul. Os três saíram da cidade na serra gaúcha às 7h e, sete horas mais tarde, estavam em Capivari de Baixo aguardando um mecânico para seguir viagem a Canasvieiras, em Florianópolis. “O cano do combustível deu problema e não está passando para o motor. Já chamamos o socorro, mas até agora nada. Vamos passar 10 dias em Canasvieiras. Saímos cedo para não pegar tanta fila, porém, não teve jeito”, conta o motorista Arno Oliveira. Para suportar a espera, só mesmo com água gelada: “Deixamos no congelador e só assim para continuar geladinha com este calor todo”, diz Celeci de Oliveira.
Congestionamento nos pontos críticos
As filas no sentido Sul/Norte que chegaram a Capivari de Baixo neste ano não foram causadas pelas obras do lote 25 da duplicação, entre Capivari e Itapirubá. Conforme o prometido pelo consórcio Araguaia/Blokos/Emparsanco ao Dnit, as pistas, viadutos e a ponte foram entregues antes do Natal, porém, ainda é necessário recuperar as pistas antigas e melhorar a urbanização do local. O congestionamento agora é causado pelo estreitamento de pistas a partir de Cabeçudas e segue até Bentos, em Laguna. Isso porque as obras neste trecho compreendem a ponte Anita Garibaldi, que está em obras, e a travessia urbana de Laguna, que teve a licitação suspensa há poucos dias para melhorias no edital, a pedido do Tribunal de Contas da União. A formação de filas na região deve se estender até a conclusão das obras nos pontos críticos, o que pode chegar a 2017, segundo a análise da Fiesc (pois os túneis do Formigão e do Morro dos Cavalos ainda não estão em obra - este último sequer está em licitação).
Fonte:Diário do sul
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