quinta-feira, 31 de março de 2011

CPI dos Pardais perde apoio na Assembleia e não deve sair

O deputado estadual Diógenes Basegio (PDT) fracassou mais uma vez na tentativa de reunir 19 assinaturas para instalar a CPI dos Pardais na Assembleia Legislativa. Depois de ceder aos apelos de PT e PSDB, reescrevendo o requerimento que pede a investigação para incluir as sugestões das duas bancadas, o deputado viu ontem à tarde seu esforço esbarrar na primeira ofensiva do governo contra a criação da CPI. Até ontem, apenas 14 parlamentares subscreveram o documento: Basegio, sete dos oito deputados da bancada do PMDB e a bancada do PSDB. Ainda que o DEM, que tem um deputado, e o PPS, que tem dois parlamentares, repitam nos próximos dias o apoio dado ao primeiro requerimento, o novo documento não chegará ao número mínimo para ser protocolado o pedido de investigação.

A reação do Palácio Piratini ao pedido de CPI teve início na terça-feira à noite, quando a líder do governo Tarso Genro (PT) na Assembleia, Miriam Marroni (PT), e o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana (PT), se reuniram com os parlamentares aliados para afinar o discurso sobre a criação da comissão, que, para eles, deve ser esquecida por pelo menos três meses. É o tempo em que a chamada força-tarefa do Executivo - formada por Subchefia de Ética do governo, Controladoria e Auditoria-Geral (Cage), Secretaria de Infraestrutura e Logística, Tribunal de Contas do Estado (TCE), Ministério Público Estadual e Ministério Público de Contas - levará para apurar as denúncias envolvendo o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).

A conversa surtiu efeito: Basegio perdeu os aliados do próprio partido e do PT, ficando em uma situação constrangedora de dissidência na base. A orientação do Executivo também apareceu no discurso dos parlamentares: "O PT atendeu a um apelo da base que exigiu essa força-tarefa com órgãos de nossa maior confiança para apurar tudo que há de errado", afirmou o líder do PTB, Aloísio Classmann.

O petebista ainda ressaltou que "num prazo de 90 dias, se não houver esclarecimentos, haverá CPI". Apesar das afirmações, Classmann em seguida revelou que não teve contato com o requerimento e que o texto será avaliado pela bancada do PTB na próxima semana. O PP, partido que prega uma "oposição responsável" ao governo e que com seus sete deputados poderia ser o fiel da balança para a oposição, também não assinou o documento.O líder da bancada progressista, João Fischer, sustenta que não houve tempo suficiente para avaliar o documento e que os parlamentares do PP só decidirão se assinam o pedido de CPI na próxima terça-feira, na reunião da bancada. "Ainda não tivemos contato com o documento", frisou.

Ele nega ter sofrido qualquer pressão de aliados ou integrantes do governo para não apoiar a criação da comissão. "Nenhum desses partidos dirá qual será a nossa linha", disparou, sobre PMDB e PSDB. "Já fizemos isso e não ganhamos nada", emendou, se referindo ao que chamou de "atrelamento a partidos".
Na sessão de ontem, os parlamentares do PT se revezaram na tribuna para justificar a mudança de posição, já que na semana passada o líder da bancada petista, Daniel Bordignon, prometeu apoio ao requerimento. Ele até chegou a afirmar que o PT indicaria a deputada Marisa Formolo para a relatoria da comissão, com intenção de fazer uma espécie de desagravo à deputada, que sonhou com o cargo quando defendia a CPI dos Pedágios na legislatura passada.

A líder do governo reforçou a tese de que a força tarefa esvazia a função da CPI na Assembleia. "As CPIs que defendemos foram porque não houve nenhuma atitude do governo", destacou. A deputada Marisa Formolo justifica que "houve tempo adequado entre as nossas posições e as ações do governo". "A força-tarefa tem que cumprir seu papel. Não desistimos da CPI, só prorrogamos", avaliou.

Mesmo sem alardear, a avaliação dos socialistas é de que o PSB, partido do titular da Infraestrutura, Beto Albuquerque, sai ganhando com a suspensão da CPI. "Ela paralisaria a secretaria", acredita o deputado socialista Miki Breier. O parlamentar do PSB avalia que o governo "demorou um pouco para agir" contra a criação da comissão, pois "os partidos sabem que qualquer CPI, mesmo que referente a outros governos, traz desgaste".
Jornal do comércio

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