Uma investigação realizada pela RBS TV e exibida neste domingo no programa Fantástico, da TV Globo, mostrou o universo que envolve as relações entre prefeituras e empresas fabricantes de controladores eletrônicos de velocidade. O repórter Giovani Grizotti gravou conversas com representantes de Florianópolis, de Curitiba e com gaúchos. A reportagem denuncia um esquema de corrupção para a instalação de radares e redutores de velocidade e o cancelamento de multas em vários estados do país, como Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Uma indústria que chega a faturar R$ 2 bilhões por ano no país. As empresas oferecem propina para vencer licitações fraudulentas, montadas a critério dos próprios negociadores. São empresários e representantes das prefeituras que contratam o serviço.
Sem saber que estavam sendo gravados, vendedores, gerentes e até um diretor ofereceram propinas que variaram entre 3,5% e 50% em troca de contratos com uma suposta prefeitura. Há indícios de editais direcionados em licitações vencidas pela Eliseu Kopp em Rio do Sul e em cidades gaúchas. Uma das empresas citadas na reportagem é a CSP, com sede em Florianópolis. Há 15 anos ela atua no desenvolvimento de sistemas de segurança para o trânsito. O repórter se fez passar pelo assessor de uma prefeitura do interior do Rio Grande do Sul e conversou com o filho do proprietário da empresa, Thiago Rodrigues. Eles negociaram o pagamento de um percentual para direcionar o processo licitatório.
Após negociarem a propina, marcaram a entrega do edital no Aeroporto Hercílio Luz. As imagens gravadas pelo repórter mostram que Thiago acreditava estar negociando com o assessor da prefeitura e, quando o repórter se identifica, ele nega tudo o que havia admitido minutos antes.
Délio Rodrigues, pai de Thiago e dono da CSP, também nega que participe de esquemas fraudulentos.
— A CSP não corrompeu ninguém, não tratou como corrupção, não tava vendendo nada de forma a corromper, não participa da licitação — afirmou.
No Rio Grande do Sul, o repórter negociou com os sócios da ACT, empresa que elabora estudos técnicos para a instalação de radares, um documento obrigatório por lei. Um deles é João Otávio Marques Neto, que também é funcionário da Eletrosul. É em uma sala da estatal que a conversa acontece. No dia do pagamento, quando a equipe de reportagem se identifica, os envolvidos negam a fraude.
DiárioCatarinnese
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