Enquanto a indústria automobilística bate seguidos recordes de venda, o consumo de etanol não acompanhou a evolução do mercado. Há três anos, antes da crise de 2008, cerca de 60% dos carros com motor flex eram abastecidos com etanol. Hoje, o percentual foi reduzido para 45% e corre o risco de baixar para 37% até 2020, caso os investimentos não sejam retomados.
Os dados são da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que afirma que o ideal seria usar o etanol em dois terços (66%) da frota bicombusível. “O carro novo foi para a rua e quem fabrica o etanol não teve fôlego para acompanhar. Faltou dinheiro para os investimentos”, diz o representante da Unica em Ribeirão Preto (SP), Sérgio Prado. A cidade paulista é o maior polo nacional do setor.
O que afasta o consumidor do combustível limpo é o preço. Com menos oferta, o preço sobe e derruba a competitividade, já que para valer a pena o etanol tem que custar até 70% do preço cobrado pelo litro da gasolina.
Foi o que aconteceu na última entressafra, quando o consumo despencou e o etanol chegou a representar apenas 5% das vendas em alguns postos. O professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/Usp), Marcos Fava Neves, diz que se não forem retomados os investimentos, o cenário de preços altos tende a se repetir nos próximos anos. “Com certeza é o que vai acontecer”, afirma. Sérgio Prado, da Unica, diz que outro fator que influencia o consumo é que o preço da gasolina é controlado pela Petrobras e não flutua de acordo com as variações do mercado, ao contrário do etanol.
Estoque. A formação de estoque regulador é uma das alternativas para evitar a elevação brusca dos preços na entressafra. A medida tem que ser adotada pelas distribuidoras, defende a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig).
Fonte: O Tempo
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