Em 37 anos de presença efetiva – a primeira moto fabricada no Brasil foi uma Yamaha RD 50, em 1974 –, o setor de duas rodas vem crescendo em importância e representatividade. Hoje somos mais de 17 milhões de motociclistas, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Experientes ou “marinheiros de primeira viagem”, estes pilotos tem na motocicleta sua ferramenta de trabalho, veículo de transporte, instrumento de lazer ou, simplesmente, objeto de desejo e status.
Neste raio-x sobre o segmento, o Brasil têm uma motocicleta para cada 11 habitantes. Em 2000 essa relação era de uma moto para cada 43 habitantes. Só para comparar, a Itália tem uma motocicleta para cada 6,4 habitantes, e a Espanha, há uma moto para cada 9,4 habitantes. Em 11 anos, o número de habitante por moto no País cresceu mais de 290%, reflexo da ineficiência do transporte público e a busca de uma maior mobilidade urbana.
Para ilustrar melhor, estudos do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que a média de pessoas por automóvel é de 1,5. Já as motos ocupam menos espaço viário para transportar número semelhante de passageiros, percorrem o mesmo trajeto em menos tempo e emitem menos poluentes na atmosfera.
Incentivar em vez de proibir
Ao contrário do que se ouviu até do diretor do Denatran, Orlando Moreira, que sugere restringir a circulação de motos para diminuir o número de acidentes, a motocicleta não é a vilã do trânsito. Mas sim uma solução de transporte eficiente, além de ser menos poluidor – hoje 42% das motos fabricadas em Manaus (AM) já são bicombustíveis. Essa participação deve aumentar com a inclusão de novos players. Por essas e outras não seria mais fácil e coerente educar, em vez de proibir, restringir?
Diferentemente dos políticos e legisladores brasileiros, os italianos vêem as motocicletas como veículo amigo, sinônimo de mobilidade. Na cerimônia de abertura do Salão de Milão 2009, a então prefeita da cidade, Letizia Moratti, declarou: “os veículos de duas rodas oferecem economia de tempo e de combustível”. Alemanha e Espanha são outros países europeus que incentivam o uso da motocicleta.
Taxas
O gasto com equipamentos de segurança poderia ser menor, já que os acessórios não obrigatórios são vendidos como roupas comuns e não como itens de segurança, o que acarreta em maior tributação, aumentando o preço final.
Fabricantes e lojistas defendem a criação de certificação especifica para acessórios como luvas, jaquetas e botas. Já que, em caso de queda, as mãos ou os pés são utilizados como amparo e, desprotegidos, sofrem algum tipo de lesão.
Para isso o sistema de tributação teria de ser revisto, defende Douglas Mota, advogado tributarista. “Em comparação com o sistema tributário de outros países, o estado deixaria de ganhar nas taxas, mas incrementaria a venda dos produtos de segurança – o que reduz gastos com aposentadorias compulsórias e sistema de saúde, por exemplo. Nos Estados Unidos, com essa visão, os capacetes são livres de impostos”, exemplifica.
Para finalizar, nosso Governo deveria investir maciçamente em ações socioeducativas e pensar a curto e médio prazo sobre a questão da mobilidade nos grandes centros urbanos. De outro lado, fabricantes e importadores de motocicletas deveriam ter, em parceria com o Denatran, Detrans e Ciretrans, programas para uma melhor qualificação dos motociclistas, com aulas teóricas e práticas voltadas às situações do cotidiano – e de risco – e cursos de reciclagem, focando sempre a segurança do piloto.
O que cabe a todo e qualquer motociclista é pilotar com segurança, respeitar as regras de trânsito e conduzir seu veículo de forma mais harmoniosa possível, sempre usando todos os equipamentos de segurança.
Moto.com
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