A atual edição da revista canadense
Corporate Knights, que traz sempre artigos com um enfoque original sobre sustentabilidade corporativa, traz um artigo sobre as
dez cidades mais resilientes do mundo. Entenda-se por cidade resiliente aquela empenhada em retornar a seu estado de equilíbrio ecológico após passar por intenso processo de urbanização.
Neste ranking, a cidade de Curitiba foi a única brasileira a aparecer. Pesou na escolha do empresário e escritor Boyd Cohen (que juntamente com um dos papas da sustentabilidade, Hunter Lovins, escreveu o livro “Climate Capitalism”) o fato dos governantes da cidade terem dado os primeiros passos na direção de uma urbanização verde há cerca de 40 anos.
Em Curitiba foi implementado o primeiro sistema de ônibus de transporte rápido do mundo, com ônibus biarticulados que circulam por corredores exclusivos e param em estações fixas, e os ligeirinhos, que também param apenas em pontos determinados.
Por ser antigo, porém, o sistema já começa a pedir uma atualização. Os biarticulados trafegam superlotados nos horários de pico, como em qualquer cidade. Os ligeirinhos utilizam as mesmas vias que os carros – ou seja, com o aumento de automóveis nas ruas, este tipo de transporte se torna mais lento. Ainda assim, o modelo curitibano serve de inspiração para cidades brasileiras que oferecem aos cidadãos somente o tradicional “busão”.
Para elencar as dez cidades mais resilientes do mundo, Cohen considerou aquelas com mais de 600 mil habitantes e adotou uma série de filtros: comprometimento político, densidade populacional, trânsito, uso de energias renováveis, emissões de CO², mitigação de efeitos climáticos, planos de adaptação e extensão territorial de parques. Abaixo, as campeãs:
1 – Copenhague, Dinamarca - 40% dos cidadãos vão para o trabalho de bicicleta. Foi a única cidade a obter a pontuação máxima no quesito “comprometimento político”. Juntamente com Curitiba, é a cidade com a menor emissão de CO² per capita.
2 – Curitiba, Brasil - Além dos atributos já mencionados, foi considerado também o plano de prevenção contra enchentes implementado na cidade na década de 70, por meio da criação de parques ao longo dos rios e canais do município.
3 – Barcelona, Espanha – Um percentual pequeno de energia renovável abastece a cidade, mas chama a atenção seu empenho em difundir o uso de energia solar. A administração municipal estabeleceu que todas as novas residências ou reformas devem incluir algum sistema de aquecimento solar – geralmente, para a água.
4 – Estocolmo, Suécia – A cidade se destacou pelo comprometimento político e pela quantidade de áreas verdes, mas ficou atrás de Paris quando avaliada a extensão da rede de transporte por trilhos per capita. Sua meta de redução de gases de efeito estufa é a segunda mais drástica.
5 – Vancouver, Canadá - A cidade teve a maior pontuação dentre todas as cidades norte-americanas. Assim como São Francisco, a São Francisco pretende reduzir suas emissões em 80% até 2050, em relação a 1990. Noventa por cento da energia da cidade provém de fonte renovável e há investimentos para que ela tenha seu próprio sistema distrital de energia.
6 – Paris, França - Além de ser signatária de uma série de pactos internacionais, Paris também obteve a maior pontuação na categoria “extensão de transporte por trilhos por habitante”. É uma das poucas cidades do estudo que tem um projeto de adaptação em curso: mais de 100 mil árvores foram plantadas e outras 20 mil recobrem os telhados da cidade.
7 – São Francisco, Estados Unidos – No ranking de Cohen, a cidade mantém a posição número 1 no país. O comprometimento político e a meta agressiva de, como Vancouver, reduzir em 80% suas emissões até 2050 (1990 como referência), angariaram pontos para a cidade. Ações para expandir o uso de energia solar também contaram.
8 – Nova York, Estados Unidos - O prefeito da cidade, Michael Bloomberg, tem sido um bom advogado da causa de tornar a cidade mais sustentável. Extensão da rede de transporte por trilhos (metrô) e das áreas de parques colocaram a metrópole entre as dez mais resilientes.
9 – Londres, Inglaterra- Uma série de medidas de adaptação na cidade fizeram com que ela fosse incluída na lista. A criação da
“zona de congestionamento” na cidade, que diminuiu o trânsito de carros e aumentou o de transporte público e a implementação da segunda
maior barreira móvel contra enchentes do mundo foram medidas valorizadas pelo especialista.
10 – Tokio, Japão - A única cidade asiática do ranking tem no seu plano de ação contra mudanças climáticas um de seus pontos fortes. Precisa investir mais em energias renováveis e áreas públicas verdes. Por outro lado, o forte apoio à iniciativa privada para a inovação em tecnologias limpas e mitigação de problemas relacionados ao clima a fez merecer estar no ranking.
Época