A política de reajuste dos seguros de veículos não leva em conta índices inflacionários ou indicadores de mercado. A oscilação de preço de um ano para outro tem como parâmetro um conjunto de fatores, que neste ano está dando um tremendo susto nos motoristas prevenidos que usam uma empresa privada para, em caso de dano, diminuir o prejuízo material.
Os altos índices de acidentes e roubos, o preço das peças de reposição e o aquecimento do mercado de seminovos fazem com que as operadoras pratiquem preços bem acima daqueles esperados pelos consumidores.
De acordo com o Sincor (Sindicatos dos Corretores de Seguros), o aumento neste início de ano ficou entre 3% e 8%, na média, em relação ao ano passado. Em alguns casos, porém, o motorista está assumindo uma despesa de até 40% maior, se comparada ao valor pago em 2011 para preservar a cobertura do veículo.
Segundo a Fenaseg (Federação Nacional de Seguros Gerais), o aumento no número de roubos de carros tem um peso importante no reajuste. No ano passado, foram roubados cerca de 400 mil automóveis no Brasil. Em 2010, a marca foi de 377 mil, ou seja, houve um crescimento de 6,10% nesse tipo de crime nos últimos 12 meses.
Uma das máximas deste mercado é que quanto maior o risco, maior é o custo. O seguro para um carro Gol Citi motor 1.0, que custava R$ 1.643 em janeiro do ano passado, saltou para R$ 2.405,11 neste mês, um aumento de 46,3%. O modelo Gol lidera a lista de carros mais roubados.
Dono de um modelo Pegeout 307, Anderson Hartmann, 32 anos, levou um susto quando viu o valor de renovação do seguro do carro que vence hoje.
“O preço está pelo menos 10% maior do que eu imagina. Eu tenho carro desde os 19 anos e sempre tive seguro para eles. Geralmente, dá para prever o quanto vai aumentar de um ano para outro, mas neste ano foi uma surpresa”, disse Hartmann.
A dica para conseguir um preço justo no valor do seguro é a pesquisa entre as corretoras e seguradoras. Como o mercado é livre, muitas vezes é possível conseguir condições especiais de contratação e descontos na renovação.
Mesmo com o valor mais salgado, a orientação é nunca mentir no questionário para tentar algum desconto porque, em caso de sinistro, a seguradora pode deixar de pagar a indenização.
Acidentes geram R$ 2,28 bilhões em indenizações
No ano passado o DPVAT (seguro obrigatório para todos os veículos do país) pagou cerca de R$ 2,28 bilhões para mais de 366 mil pessoas. O volume desta indenização é o recorde desde a criação do seguro em 1974.
Em relação a 2010, o resultado das indenizações do ano passado foi superior 45%.
De acordo com o balanço do DPVAT, 51% dos indenizados tinham idade entre 18 e 34 anos. Só de indenizações por invalidez foram 239 mil.
O aumento expressivo na sinistralidade do seguro obrigatório não corresponde diretamente a um crescimento nos casos de acidentes no trânsito. Segundo Ricardo Xavier, diretor-presidente da seguradora responsável pelo DPVAT, a popularização e divulgação de informações sobre o seguro auxiliaram no crescimento dos pedidos de indenização.
No ano passado foram abertos 900 postos de informações oficiais sobre o DPVAT.
De acordo com Xavier, a combinação perigosa do álcool, a alta velocidade e a falta de uso do cinto de segurança também pesaram no aumento dos casos de acidentes no trânsito.
Acidente com moto é mais frequente e grave
Acidentes envolvendo motos somaram 65% dos casos registrados no DPVAT no ano passado. Quando a batida causou invalidez permanente, em 72% dos casos havia uma moto envolvida. No caso do condutor ficar inválido, o seguro-obrigatório paga R$ 13,5 mil. Já com despesas médico-hospitalares, o valor é de R$ 2,7 mil por acidentado.
R$ 13,5 mil
é o valor da indenização por morte paga pelo DPVAT
Chuva e acidentes inflacionam o preço
De acordo com o Sincor (Sindicato dos Corretores de Seguros), as fortes chuvas de início do ano e seus respectivos alagamentos influenciam no aumento do seguro, pois elevam as despesas operacionais das seguradoras. Do mesmo modo, os acidentes em estradas durante o período de festas do final de ano contribuem para o crescimento sazonal na curva de sinistralidade, que acaba sendo repassada no preço ao consumidor.
Fonte: Diário de São Paulo
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