O Brasil é o único país de expressão internacional que não possui uma marca própria de automóveis.
Apesar de a indústria automobilística ser considerada o principal motor da economia brasileira, todas as fábricas instaladas no país são estrangeiras, sem contar um volume considerável de importações de automóveis.
A última tentativa de construção de uma fábrica nacional de automóveis, a Gurgel, foi enterrada no final do século passado, em um episódio cujos bastidores ainda não foram devidamente esclarecidos.
Carro elétrico brasileiro
Agora, o professor Roberto Marx, da Universidade de São Paulo (USP), defende que o desenvolvimento dos carros elétricos e híbridos pode ser a oportunidade ideal para o Brasil ter sua própria empresa de fabricação de veículos.
A propósito, a Gurgel fabricou os primeiros veículos elétricos em território nacional – o primeiro deles em 1974 e o segundo em 1981.
Os carros de motor a combustão da empresa também foram os primeiros a usar injeção eletrônica no país, um sistema totalmente nacional desenvolvido em parceira com o atual Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, em Campinas.
Para ressuscitar todo este esforço, “o que está faltando é uma articulação entre empresas fabricantes de motores elétricos, autopeças, baterias, que eventualmente tenham esse interesse. Existe uma série de iniciativas pouco articuladas”, propõe Marx.
Há cerca de um ano, o empresário Eike Batista anunciou a criação da FBX, uma fábrica nacional de carros elétricos que deveria começar a operar em 2014.
Complementar
Os veículos elétricos poderiam, na avaliação de Marx, ser incorporados à matriz brasileira de transportes de forma complementar aos movidos a etanol e bicombustíveis.
Segundo o engenheiro, o Brasil poderia “desenhar um carro elétrico mais barato, que tenha uma penetração e apelo para um certo tipo de mercado. E que seja desenvolvido por um consórcio de empresas interessadas em vender esse carro aqui”.
“É um produto para um nicho, não vai substituir totalmente as demais formas de combustível. Mas ele pode ser interessante para algumas utilidades”, afirmou.
Preconceito contra os carros elétricos
Com a atual tecnologia das baterias, que não tem grandes progressos há vários anos, o chamado “nicho de mercado” dos veículos elétricos seria o transporte urbano – se é que isso pode ser chamado de nicho, uma vez que compõe quase a totalidade dos usos dos automóveis em todo o mundo.
Como ocorreu com os carros movidos a etanol no início do projeto, há ainda muito preconceito contra o carro elétrico.
Por exemplo, o fato de que um veículo elétrico precise ser recarregado a cada 200 quilômetros em média é “vendido” ao público como uma grande deficiência. Ocorre que a quase totalidade dos usuários anda apenas cerca de 40 km no trânsito urbano por dia.
Isso exigiria tanto “reabastecimento” do carro elétrico quanto uma recarga uma vez por semana, embora o usuário possa deixá-lo no recarregamento durante a noite e manter sua autonomia de forma indefinida para qualquer eventualidade de um deslocamento maior.
Sem contar que a maioria das famílias das classes A e B já possui dois automóveis, em que um é mais espaçoso, comprado justamente com as viagens em mente.
Inovação tecnológica
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