segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Brasil vende 4 vezes mais carros novos que o México


Vendas são superiores mesmo com os preços dos automóveis sendo quase 100% mais caros no Brasil, em alguns casos

Automóveis novos no Porto do Rio de Janeiro
Segundo analistas, importados usados vindos dos EUA distorcem o mercado de carros novos do México (Vanderlei Almeida/AFP)
Os brasileiros estão comprando quatro vezes mais carros que os mexicanos, apesar de pagarem praticamente o dobro do preço, revela uma comparação entre os números do setor automobilístico verificados em setembro nas duas maiores economias da América Latina.
Em setembro, cerca de 73.000 carros novos foram comprados no México, praticamente o mesmo nível de dez anos atrás, segundo a Associação da Indústria Automobilística Mexicana, que representa o setor. No Brasil, quarto maior mercado do mundo de veículos domésticos, as vendas de setembro ficaram em 294.000 unidades.
Isto significa que a venda de carros per capita do Brasil, com cerca de 200 milhões de habitantes, é praticamente o dobro da do México, cuja população é de 112 milhões. Em números brutos, os brasileiros compram quatro vezes mais carros que os mexicanos.
No México, um carro novo pode ser considerado barato em relação ao Brasil. Um subcompacto completo chega ao consumidor mexicano pelo equivalente a 15.000 dólares, ao passo que no Brasil, onde o custo de financiamento também é mais elevado, o mesmo veículo é vendido pelo equivalente a quase 30.000 dólares.
Guillermo Rosales, da Associação Mexicana de Distribuidores de Automóveis, diz que a matemática parece favorecer os mexicanos, cuja renda per capita é similar à do brasileiro. No entanto, uma observação mais a fundo expõe grandes diferenças entre os dois países: enquanto o México é inundado por carros usados baratos vindos dos Estados Unidos, a expansão da economia brasileira, ao contrário da mexicana, não está tão atrelada ao ciclo econômico norte-americano.
"Não podemos ignorar os cenários diferentes dos dois países", disse Rosales. "O Brasil vive hoje um momento parecido com o vivido pelo México nas décadas de 1960 e 1970, com expectativa de bonança econômica e a população mais pobre passando à classe média, com um melhor relacionamento entre governo, iniciativa privada e sociedade", avalia ele. O México, diz Rosales, "atravessa um acentuado pessimismo econômico".
Além disso, a disponibilidade de veículos importados de segunda mão oriundos dos EUA distorce o mercado de carros novos do México, pois deprime as vendas de carros usados e dificulta para os donos de carros a venda de seus veículos a um preço razoável, dizem fontes na indústria automobilística mexicana.
As mesmas fontes avaliam que os brasileiros não enfrentam esse problema e apontam para o fato de o governo do Brasil ter restringido a importação de veículos usados. O Brasil também impulsionou as vendas de carros novos por intermédio da redução da carga tributária após a crise financeira de 2008, apesar de uma recente elevação dos impostos sobre veículos importados ter levado potenciais compradores a adiarem aquisições até que a medida saia de vigor no fim do próximo ano, prosseguem as fontes mexicanas.
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(Com Agência Estado)

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