Para cumprir a promessa de concluir a duplicação da BR-101 Sul até o final de seu governo, a presidente Dilma Rousseff precisa — e deve — acelerar o ritmo dos trabalhos. De acordo com o novo estudo encomendado pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), a obra não fica pronta antes de 2015.
O relatório, feito em dezembro, a que o Diário Catarinense teve acesso exclusivo, vai ser apresentado nesta sexta-feira, às 10h30min, pela diretoria da instituição e pelo engenheiro Ricardo Saporiti, responsável pela análise. A previsão contraria o anúncio otimista do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), de terminar a obra em 2013.
Os 238,5 quilômetros entre Palhoça e Passo de Torres, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, deveriam estar prontos em 2008. Porém, problemas — como chuva acima da média, questões ambientais e abandono das empreiteiras contratadas — atravancaram o caminho.Em setembro do ano passado, o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a inaugurar "simbolicamente", em Criciúma, um dos quatro trechos que estão duplicados. Embora tenha dito, na ocasião, que repetiria o feito em outros lotes até o final do mandato, a promessa não foi cumprida: nenhum outro ficou pronto até dezembro. O prazo precisou ser prorrogado e, no caso do lote 26, por exemplo, a data foi adiada para julho.
O engenheiro Saporiti explica que há dois tipos de contratos, os de duplicação de pista e os de obras de arte especial, que envolvem viadutos e pontes, por exemplo. Ele diz que, em alguns, a duplicação andou bem, mas o mesmo não aconteceu com as obras de arte e que isso prejudicou visivelmente o andamento e o término dos trechos.
— Por isso, não acredito que a conclusão seja possível até o meio do ano. Além disso, há a necessidade de alargamento e reforço na estrutura da ponte antiga sobre o Rio Tubarão que o projeto e a licitação nem foram feitos ainda. Isso é inconcebível e é resultado da falta de planejamento — analisa.
Nenhum dos três túneis da duplicação da BR-101 Sul (sendo um deles duplo), está pronto, nem mesmo o do Morro do Agudo, em Paulo Lopes, em execução desde novembro de 2007. Previsto inicialmente para dezembro passado, ficou para maio de 2011. A situação mais complicada é a do Morro dos Cavalos, que prevê um túnel duplo, com aproximadamente dois quilômetros para cada galeria, quase o dobro em relação ao de Paulo Lopes. O projeto ainda não tem licenciamento ambiental, o superintendente do Dnit, João José dos Santos, disse ao DC em dezembro que espera lançar o edital de licitação até 15 de abril.
Os outros dois grandes entraves da duplicação estão com a concorrência em andamento, o Morro do Formigão, em Tubarão, e a Ponte de Laguna. A previsão é que os vencedores sejam conhecidos nos próximos dias. Os trabalhos, que deveriam iniciar em fevereiro, só devem começar em março. A morosidade em tirar do papel essas obras e o histórico de atrasos reforçam o diagnóstico do estudo de que, antes de 2015, a principal e mais movimentada rodovia do Estado não estará completamente duplicada.
O presidente da Fiesc, Alcantaro Corrêa, culpa os gestores. Na opinião de Corrêa, eles "não têm competência para pôr ordem na casa e fazer com que as coisas andem".
— Se estivessem na minha empresa, já teriam sido demitidos. Divulgam essas datas mentirosas achando que todo mundo vai acreditar — protesta.
Para ele, a situação "vai se esticando" e não termina.
— Há lotes duplicados, mas que estão sem os itens de segurança previstos, como sinalização, defensas metálicas e passarelas para pedestres. Falta segurança, e mortes continuam ocorrendo por causa disso — alerta o presidente.
Melissa Bulegon DC
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