Na fila da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS), a preferência é dada a quem apresenta o estado de saúde mais grave. Justamente por isso, o índice de ocupação destes leitos por vítimas de acidentes de trânsito é alto nos hospitais que atendem a Maringá.
Ontem, quando havia 37 leitos de UTI do SUS sendo usados para atendimento de traumas em geral e outras enfermidades graves, como doenças terminais, nove pacientes permaneciam internados por causa de acidentes sofridos no trânsito. Duas destas vítimas estavam na UTI há 55 dias; uma delas, na Santa Casa de Maringá e a outra, no Hospital Metropolitano de Sarandi.
O índice de aproximadamente 25% registrado ontem, em levantamento feito por O Diário, se deve ao fato de que no Hospital Universitário de Maringá (HU) não havia nenhuma vítima de trânsito nos oito leitos de UTI existentes – uma situação atípica para a rotina do hospital.
O número de pacientes nesta situação varia a cada dia, mas em média, de acordo com especialistas em traumas, 40% dos leitos disponíveis são usados por quem sofreu lesões provocadas por um veículo de transporte.
“Na semana passada, chegamos a ter cinco dos sete leitos da UTI Geral destinados ao SUS ocupados por vítimas de traumas de trânsito”, afirma o médico coordenador da UTI do Hospital Santa Rita, Jair Biatto. A afirmação confirma os estudos do médico neurocirurgião e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Cármine Salvarani , de que o índice de ocupação nas UTIs por vítimas de acidentes de trânsito chegaa 50%.
Perfil
Jovens, do sexo masculino, que sofreram acidentes graves com motocicletas. Este é o perfil mais comum entre as vítimas do trânsito que dependem da UTI para escapar da morte. Ontem, por exemplo, no Hospital Metropolitano, havia quatro acidentados internados na UTI , todos homens: um de 19 anos, um de 21, um de 22 e um de 35.
Mas o trânsito não escolhe o sexo, e há mulheres como a estudante Renata dos Santos, 25 anos, que precisou ficar 6 dias na UTI depois de sofrer um acidente grave. Ela pilotava a motocicleta na Avenida Sophia Rasgulaeff quando um carro em alta velocidade atravessou a preferencial . A colisão foi inevitável.
O acidente aconteceu há 5 anos e, até hoje, a jovem sofre com as consequências. Renata ainda faz fisioterapia e tem feito tratamento para a reestruturação óssea. Além dos traumas físicos, ela não consegue esquecer o efeito psicológico da colisão. “Nunca mais subi em uma moto”, conta.
Na média, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, as vítimas de acidentes permanecem internadas em leitos de UTI em períodos de 8 a 15 dias. O problema, na avaliação de Jair Biatto, exige uma “política de educação intensiva no trânsito, para diminuir a quantidade de vítimas.”
Prevenção também é a orientação da 15ª Regional da Saúde. “É uma causa de morte muito tola, que é fácil evitar: basta ter respeito ao próximo”, diz o diretor Kazumichi Koga.
Fonte: odiario.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário